Para Arnaldo França
Hoje, dia de finados, meu amigo, fomos ao cemitério
visitar este nosso companheiro que morreu.
Na paisagem soturna de ventania e nuvens baixas
eram quase banais as nossas duas silhuetas,
você, de um lado do coval anónimo,
empunhando a sua coroa funerária de rosa-querela,
eu do outro, apenas com o meu coração túrgido
de tristeza pelo destino irrevogável dos homens.
Só agora entendo bem o nosso gesto de amigos.
O que nos levou àquela campa foi a nossa necessidade
de encontrar uma ressonância mais pura,
decantada pela viagem sem itinerário,
de onde a gente regressa sempre pelo que ficou de nós,
como um perfume, caro e persistente, que nos persegue
mesmo depois de se ter esgotado o seu inebriamento imediato.
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