Sei como eles passam o portão à noitinha.
As mãos ainda côncavas de acariciarem
as cabeças dos filhos, as costas dobradas.
Trazem na roupa o exterior e cheiros a comida,
pêlos de cão, cerveja, o cheiro a mulher quente e
últimos cigarros juntos, lençóis enxovalhados.
Olho para os homens a lavarem-se
deixando para trás sabão, pó e saudades.
Sei que as mulheres ficam junto aos portões.
Os casacos abotoados até ao pescoço,
As mãos nos bolsos, cabeças curvadas.
Como os homens avançam em silêncio.
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