Um domingo de manhã com sol, tão fácil
apaixonar-se, acordar mais tarde,
talvez em Abril
ou nas súbitas variações primaveris
do final de Fevereiro,
é fácil apaixonar-se
– apaixonei-me por ti muitas vezes no cais –
do azul, das conversas
dos amigos, sorrisos.
São estes céus insuperáveis, sempre demasiado breves
as horas para as pupilas,
a condicionar as nossas mentes,
as psicologias,
e já não sei viver
na esterilidade sem sentido de culpa.
O que poderia ser – as folhas
nesta avenida comprida, os papéis
nos grandes contentores da freguesia, de madeira – entre nós.
As dissonâncias.
A nossa fronteira são os Alpes
quase azuis, a neve de ontem à noite
faz-nos falar, sentia-se que estava para cair.
Se caísse sobre a cidade sobre a praia
como em oitenta e cinco, as escolas
fechadas, a irrealidade de tudo – outros desesperos.
Os chuviscos tardios nas avenidas que se alagam
facilmente nos lados
e à noite muitas vezes se encontra uma névoa amanteigada
como se estivéssemos no parmigiano. Seguem-se
mal-estares, olheiras, por factos
tão repentinos
e depois as danosas marulhadas, mas também estas
com a sua misteriosa violência, também estas
são qualquer coisa que deve existir.
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