Pois meus olhos não cansam de chorar
Tristezas não cansadas de cansar-me,
Pois não se abranda o fogo em que abrasar-me
Pôde quem eu jamais pude abrandar,
Não canse o cego Amor de me guiar
Donde nunca de lá possa tornar-me,
Nem deixe o mundo todo de escutar-me,
Enquanto a fraca voz me não deixar.
E se em montes, se em prados, e se em vales
Piedade mora alguma, algum amor
Em feras, plantas, aves, pedras, águas,
Ouçam a longa história de meus males,
E curem sua dor com minha dor,
Que grandes mágoas podem curar mágoas.
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