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Insónia

Desperdício genético

vida toupeira, desperdício genético,
na cegueira colectiva faço apenas o que me obrigam
tão pouco é o ar que respiramos
catacumbas espirais, túneis em chamas
que não chegam nem levam a parte alguma do céu
tão pouco é o ar que respiramos
estou no lado errado da lua,
numa sala fechada pela orgulhosa ignorância
de um gorila que navega à deriva
protegendo-se das tempestades de merda
que ele próprio inventa
com a máscara do conforto
tão pouco é o ar que respiramos
pouco
interessa
tão pouco é o ar que
respiramos
nada que me
interesse
estou rodeado de orgulhosos poços de
saber,
profundos abismos oceânicos povoados
de conhecimento,
formas de vida desprovidas de vazio,
tudo as preenche
na totalidade
e,
imagine-se,
basta-lhes uma moeda
para responderem a todas as necessidades alheias
até eu, cápsula de cianeto, posso mergulhar
e afogar-me nesse mar de erudição sem perigar
qualquer outra espécie viva ou já
morta
mas faço apenas o que me obrigam
no último sopro da toupeira
mascarada pelo conforto